quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Reforços à lupa: Sport Lisboa e Benfica


O Benfica é sempre dos clubes mais activos no mercado. No entanto, este Verão os encarnados não caíram nas aventuras de outros anos e evitaram gastos absurdos. Sem vender muitos jogadores, até porque a maioria são dispensados ou emprestados, as águias fizeram bons encaixes financeiros. No Verão de 2010 saíram Ramires e Di Maria, em Janeiro de 2011 saiu David Luiz e neste defeso saiu Fábio Coentrão. Quatro titulares do Benfica campeão em 2010 que renderam cerca de 90 milhões de euros aos cofres encarnados. Esse é, para mim, o factor mais importante no mercado de transferências benfiquista. Denota algum cuidado de gestão, com muitas contratações a custo zero e investimentos cobertos pela saída de Coentrão.

Para esta época Jorge Jesus precisava de alterações, como se viu na última temporada. Para além disso, algumas saídas e contratações falhadas obrigavam a mexidas. Assim, investiu novamente no ataque, castigando os avançados menos queridos pelos adeptos (Jara e Kardec) e apetrechando as alas onde na última época apenas Gaitán e Salvio eram opções. Também o sector defensivo estava carente, dadas as saídas de David Luiz, ainda sem substituto, de Fábio Coentrão e de Roberto. Os reforços permitem a JJ uma maior rotatividade e garantias de qualidade quando mexer na equipa.


Artur chegou a zeros e agarrou a titularidade, antes da chegada de Eduardo. O brasileiro tem realizado boas exibições, com defesas de grande nível e saídas bem medidas, mesmo a sofrer golos tem sido dos melhores dos encarnados. É um guarda-redes maduro que transmite segurança aos seus companheiros da defesa.
Eduardo era o titular da baliza da Selecção. A vinda para o Benfica até agora só tem sido prejudicial ao guardião. Sem qualquer minuto oficial, não pode mostrar as qualidades que fizeram dele um dos melhores na África do Sul.
Mika é um jovem com margem de progressão. Terá, certamente, as suas oportunidades com o decorrer das competições. Traz na bagagem o vice-campeonato mundial, onde foi eleito o guarda-redes do campeonato.
O central Garay, internacional argentino, tem no jogo aéreo o seu maior forte. É rápido e tem capacidade de antecipação. Não singrou no Real Madrid mas em Portugal pode revitalizar a carreira. Ao lado do capitão Luisão, pode melhorar bastante.
Emerson, defesa-esquerdo do campeão francês Lille chegou com a responsabilidade de substituir Coentrão. Tem demonstrado grande imaturidade e dificuldade nas transições defesa-ataque. Tenta jogar simples e certo mas quando arrisca nem sempre sai bem.
Capdevilla, nem sei se dá para comentar esta situação. Titular pela selecção espanhola no Euro 2008 e no Mundial 2010, é um jogador experiente que ataca melhor que defende. Também tem fama de desunir balneários…
Matic precisa crescer. Forte fisicamente, não é muito rápido mas compensa no choque e na antecipação. Precisa melhorar nas saídas a jogar e na análise ao jogo adversário. É uma boa alternativa a Javi Garcia, que não tem suplente há duas épocas.
Witsel é o novo menino bonito da Luz. Tem classe nos pés. Pode jogar em todos os terrenos do meio-campo, fazendo boa dupla com Aimar ou jogando no lugar do argentino. Tem bons pormenores técnicos e tácticos.
Para a direita chegou o argentino Enzo Pérez, que até foi titular na primeira partida oficial. Lesionou-se e parece ter perdido o lugar no onze. É muito rápido, gosta de partir para cima dos adversários e cruza bem. Precisa melhorar no capítulo colectivo pois sempre que a bola lhe chega aos pés ele tem de fintar um adversário antes de se livrar da bola.
Nolito, produto da formação blaugrana, tem o tiki-taka no corpo. Joga muito ao primeiro toque, raramente finta antes do último terço do terreno, procura triangulações com os colegas e é frequente vê-lo a partir da linha para o centro do terreno. Jogador humilde e trabalhador. Pegou de estaca.
Bruno César chegou com o cognome chuta-chuta, pelo seu potente remate, mas cedo ganhou uma nova alcunha, o gordo. O brasileiro lá emagreceu e em dois jogos como suplente marcou dois golos. Precisa adaptar-se ao futebol europeu pois no Brasil os defesas dão espaços que em Portugal não existem. Poderá ser uma agradável surpresa.
Rodrigo Mora continua condicionado. Na Argentina é conhecido pela velocidade e finta curta mas o futebol em Portugal é mais físico. Veremos como se dá esta aposta de Luís Filipe Vieira.

De salientar os regressos de Miguel Vítor, David Simão, Nélson Oliveira e Rodrigo, e também as promoções de Luís Martins e Rúben Pinto. Miguel Vítor tinha saído chateado com o Benfica mas na pré-época parecia estar tudo bem. O central até vinha a ser capitão de equipa mas uma lesão no jogo com o Anderlecht afastou-o das contas de Jesus. É melhor que o Jardel a todos os níveis, poderá ser uma opção de luxo se conseguir provar o valor que evidenciou na sua estreia pela equipa sénior. David Simão foi o dono do meio-campo pacense na última temporada e precisa de jogar. A leitura de jogo e a qualidade do passe são os seus principais pontos fortes. Nélson Oliveira foi o (quase) herói da Colômbia. Realizou um excelente Mundial sub-20, mantendo o nível que apresentou no Paços de Ferreira. Regressa ao Benfica mais maduro e com vontade de ganhar um lugar na equipa. Rodrigo esteve emprestado ao Bolton mas foi na selecção que mais deu nas vistas. Primeiro nos sub-20, e recentemente nos sub-21, tem sido o goleador dos espanhóis. Já Luís Martins e Rúben Pinto vão agora passar pelo fortalecimento da massa muscular, algo que devia ser trabalhado nos escalões de juvenis ou juniores, e não deverão entrar nas contas de Jesus. Estão lá para treinar com a equipa e aprender.

Em suma, JJ revolucionou as opções para a baliza encarnada, com três guardiões de grande qualidade, onde parece ter optado por Artur, que até agora lhe tem dado garantias. Para a defesa chegou Garay, central de qualidade, e Miguel Vítor que, quanto a mim, já no ano passado merecia ter ficado no plantel. Falhou a contratação de um substituto de Coentrão. Capdevilla parece não fazer parte da equipa e Emerson está muitos degraus abaixo do caxineiro. Também fazia falta um defesa-direito pois Maxi não estará disponível para realizar todos os jogos e Rúben Amorim tem muitas limitações físicas. O meio-campo está bem servido e o ataque dá garantias. O erro do último ano, com poucos alas e muitos avançados-centro, foi corrigido. De destacar a inclusão de jovens portugueses no plantel, e do espanhol Rodrigo, verdadeiros diamantes para JJ lapidar. Veremos se o treinador benfiquista não se esquece de dar oportunidades aos miúdos pois é ali que está o futuro do clube e da selecção. O Benfica está mais forte que na época passada e irá complicar a vida ao FC Porto, aliás, os embates entre águias e dragões poderão determinar o campeão deste ano.

Melhor reforço: Axel Witsel


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