sábado, 10 de dezembro de 2011

FPF - Brilhante entrevista a Carlos Marta

Apanhei, quase por acaso, nas minhas mãos o jornal Record do dia 8 de Dezembro. Curioso como sou, lá comecei a ler o dito manuscrito de trás para a frente, como habitualmente faço (é uma mania minha), e quando estava a entrar no futebol deparo-me com uma entrevista a Carlos Marta, candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol.

Confesso que estive para não ler, não por ter alguma coisa contra o candidato em questão, até porque conheço pouco do senhor e seria de mau gosto não me informar sobre as eleições no principal representante do futebol português só porque não vou à bola com o penteado do senhor, mas porque li o nome do jornalista antes de me jogar à entrevista (é outra mania que tenho, olhar para o nome dos jornalistas). A muito custo, atirei os olhos às palavras, receoso do que iria ler. Como o algodão não engana, comecei a apontar pérolas ainda no decorrer da primeira linha. Mas vamos por partes.

Em primeiro lugar, acompanhei as candidaturas pela comunicação social e sem grande atenção. Pouco conheço dos candidatos, não vi nenhuma declaração que achasse extraordinariamente boa ou má, e, portanto, só espero que vença a FPF.
Em segundo lugar, garanto que, mesmo que por instantes passe esse pensamento pela cabeça do leitor, não tenho nada contra a pessoa que assina a entrevista (como ostento uma orgulhosa formação superior em ciências da comunicação, não o consigo classificar de jornalista).

Quanto ao verdadeiro teor da entrevista, que aqui deixo para que o leitor possa ler ou reler, é quase um crime. Em tempos de crise, gastar tinta desta forma e contribuir para o abate de mais uma árvore, devia dar um valente castigo. Ora, o senhor que faz perguntas tem ao seu dispor Carlos Marta, presidente da Câmara Municipal de Tondela e ex-jogador de futebol que pisou os relvados da Primeira Divisão Nacional (marcou o golo da carreira em Alvalade), e inicia a entrevista com a brilhante pergunta “Qual é o primeiro telefonema que vai fazer depois de conhecer os resultados eleitorais?”. Que me interessa a mim, na qualidade de leitor do Record, a quem vai ligar Carlos Marta quando souber os resultados?! Para mim não vai ligar de certeza, nem para 98% das pessoas que compraram o jornal. O candidato de Tondela lá responde, como verdadeiro homem de família, que vai ligar à esposa. Porém, o senhor que faz perguntas, num brilhantismo jornalístico raro, não deixa passar a oportunidade e pergunta “Sabe o que lhe vai dizer, ou vai funcionar o estado de espírito do momento?”. (Aqui pensei, será que estou a ler uma entrevista sobre os Óscares e o discurso do vencedor do prémio de melhor actor? Mas não, o discurso que eu estava a imaginar era apenas o telefonema entre Carlos Marta e a sua mulher). Resposta dada, desinteressante, e o senhor que faz perguntas remata com “E o segundo?”, referindo-se ao seguinte telefonema. Desta vez foi mais forte que eu, fechei o jornal, mandei uma gargalhada para o ar e procurei em mim uma razão para continuar a ler o questionário de Verão do Correio da Manhã. Numa brincadeira mental tentei adivinhar a pergunta a seguir. Já tinha três opções quando ganhei coragem para continuar a ler a entrevista.
1 – Qual vai ser a terceira pessoa para quem vai ligar?; 2 – No Verão costuma usar calções de banho listados à tuga ou sunga brasileira?; ou ainda, num fulgor imaginativo sem nexo, 3 – Quanto custa um litro de leite?

Falhei, é um facto, mas não foi por muito. O senhor que faz perguntas voltou à carga ao perguntar se Marta ia ligar ao Fernando Gomes (n.d.r. Adversário na candidatura à presidência da FPF). Sem comentários... A entrevista lá prossegue até que, por forças divinas, chegamos ao que realmente interessa: BOLA! E tudo muda. As respostas, até então mono-frásicas, viram discurso em tom de campanha que se torna agradável de ler. Falam de política, falam da candidatura, falam da selecção nacional, falam de Ricardo Carvalho e Bosingwa, depois falam de Paulo Bento, e de seguida de Paulo Bento, Ricardo Carvalho e Bosingwa. Quando eu começava a pensar que tinha lido duas perguntas sobre a candidatura de Carlos Marta à FPF, debrucei-me sobre a caixa no meio da entrevista, na esperança de ler algo relacionado com, sei lá, futebol, por exemplo. No entanto, fui novamente surpreendido pelo senhor que faz as perguntas e leio a seguinte questão “Sabe quanto custa um litro de leite?”. Vai buscá-la, Marta! Candidato à presidência tem que saber na ponta da língua o preço do litro de leite de, pelo menos, as três grandes marcas de leite em Portugal. Era a questão que eu esperava desde que abri o jornal. Tardou, mas foi. Para minha surpresa, o senhor Carlos Marta não sabe quanto custa um litro de leite. Perdeu, naquele instante, o meu hipotético voto. A menos que Fernando Gomes também não saiba e aí entram em empate técnico. Fica a sugestão para o próximo debate: Quantas qualidades de maçã se devem vender nos supermercados portugueses?



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