domingo, 21 de agosto de 2011

Portugal perde a final do Mundial de sub-20 mas sai de cabeça erguida


Sempre ouvi dizer que as finais são para ser vencidas... Ou perdidas com honra. Os 21 convocados pelo seleccionador Ilídio Vale caíram de pé perante o Brasil. 120 minutos de bom futebol que deixam um sabor agri-doce na boca. Estes jovens provaram que têm (muito) valor mas, infelizmente, para eles não haverá uma segunda vez.

O jogo começou mal. Portugal não tinha sofrido qualquer golo nos seis jogos já disputados mas tinha pela frente o ataque mais concretizador da prova. Uma selecção canarinha muito forte a atacar e de pontaria afinada. Logo aos 5' Mika vê a bola entrar na sua baliza, ficando pregado ao relvado. Um livre de muito longe, apontado por Oscar (fantástico pé direito a bater as bolas paradas!), desvia na cabeça de Sérgio Oliveira e inaugura o marcador. Contudo, com a tal coragem que Ilídio Vale referia, os nossos heróis colombianos foram para a frente e Nélson Oliveira entra na área e assiste Alex para o empate, decorria o minuto 9. O Brasil voltou à carga mas sem sucesso. O ritmo abrandou e chegamos ao intervalo com boas jogadas e 1-1 no marcador. A segunda parte trouxe um Brasil diferente, com duas alterações no onze e uma linha de três defesas, com maior pendor ofensivo. Portugal manteve a sua formação e a sua concentração que  tinham assegurado a presença na final. No ataque apenas Nélson Oliveira a lutar no meio dos defesas brasileiros. Muita luta do avançado do Benfica, enorme capacidade de recepção e controlo de bola, fantástica força física e óptima velocidade aliada a uma boa técnica. "Sozinho contra todos" dizia o comentador da RTP, e foi sozinho que partiu pela ala direita sem oposição, entrou na área e, quase sem ângulo, fez a única coisa que lhe era possível: rematou contra o guarda-redes. O resto foi obra do destino, um frango de todo o tamanho e a vantagem para Portugal. Entretanto já Cedric tinha saído lesionado e Pelé ocupava o lugar de defesa direito adaptado. Ney Santos voltou a mexer na equipa e fez entrar o foguete endiabrado Dudu. Aproveitando as fragilidades de Pelé na sua nova posição, Dudu conseguiu rodar na área e atirar para a pequena área onde Mika aliviou contra Oscar que fez o 2-2. Novamente Portugal em busca do golo e por pouco não conseguia. Chegado o prolongamento e oportunidade clara com Caetano a fugir à defensiva canarinha e a tentar o chapéu que ficou curto. Já na segunda parte do prolongamento chegou ao fim o sonho português. Oscar cruza na direita e a bola foge para a baliza, surpreendendo Mika e fechando o resultado em 3-2. O jogo terminou com as duas equipas lançadas em ataques desorganizados e perigosos, porém, os remates teimaram em chocar no corpo dos defesas ou na luva dos guarda-redes.

Esta selecção é acima de tudo um grupo coeso e unido com muito sentido táctico e muita maturidade. Sem uma estrela destacada, apesar de Nélson Oliveira ser o jogador com maiores qualidades técnicas e individuais que pode fazer (e fez) a diferença sozinho, mas com um grupo "corajoso", disputaram esta final de igual para igual com o favorito Brasil. Grande Mundial em que todos os jogadores cumpriram, nenhum ficou mal na fotografia de grupo. Destaque para o número 7, claramente o maior candidato a próximo avançado da selecção A. Nélson Oliveira fez uma final soberba, lutando sozinho no meio da defesa do Brasil, assistindo e marcando, cavando faltas importantes. Também Danilo esteve muito bem, muito sólido, muito maduro, bom tempo de entrada à bola, boa visão de jogo, calmo e sereno como se pede a um trinco. Sérgio Oliveira sempre incansável, saiu de rastos, tremenda entrega ao jogo. Nuno Reis é um grande capitão, muito tranquilo em campo, sempre a corrigir os colegas, muito forte a roubar bolas e no um-para-um. É curioso ver que três dos titulares da final (Danilo, Mário Rui e Saná) saíram do Benfica a custo zero, com um futuro brilhante à sua frente.

Depois dos "magriços" de Eusébio e companhia, temos agora os "corajosos" de Nélson Oliveira e amigos. Um grupo desacreditado e discreto que esteve perto de deixar o seu nome na história do futebol mundial e criar uma nova "geração de ouro". Deram tudo o que tinham, miúdos que nunca jogaram no principal escalão do futebol português. Hoje perderam, mas caíram de pé. Não trouxeram a taça mas proporcionaram bons momentos de futebol e de patriotismo. Pena a comunicação social só ter reparado em vós na meia-final. Foi uma longa caminhada que não devia terminar assim. Parabéns "corajosos"!

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