segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Em que sotaque se vai festejar este ano?

A actualidade do dito futebol português é uma autêntica vergonha. Até agora, os principais candidatos ao título contrataram 20 sul-americanos (SCP - 9; SLB - 6; FCP - 5), já excluindo os que chegaram e seguiram para empréstimo ou os que estiveram emprestados durante a última época. Aos quais se juntam outros 14 estrangeiros e sobrando espaço para, imagine-se, dois portugueses. Apenas o Benfica foi capaz de contratar lusos neste defeso, os guarda-redes Mika e Eduardo e os jovens Nuno Coelho e André Almeida, que de imediato emprestou.

Safaram-se 3 vice-campeões do Mundo, os benfiquistas Mika, Luís Martins e Nélson Oliveira. Até o Sporting, que revelou pérolas como Figo, Cristiano Ronaldo, Nani ou mais recentemente João Moutinho, Miguel Veloso, Rui Patrício ou André Santos, voltou a não incluir um jovem saído dos juniores, regressando André Martins, sem perspectivas de utilização. Mas sul-americanos são aos molhos e esta tendência preocupa-me, e deveria preocupar os máximos responsáveis pelo futebol neste país. Paulo Bento já manifestou o seu desagrado pela falta de opções em Portugal. Pudera, o Real Madrid e o Zenit jogam com mais portugueses que Benfica, Porto ou Sporting. Os encarnados já vão no segundo jogo consecutivo sem um jogador luso no onze. Coitado do seleccionador nacional, para escolher em Portugal tem de ir procurar ao Feirense ou ao Beira-Mar.

Depois do óptimo mundial realizado pelos miúdos portugueses, custa-me constatar que nos clubes grandes só há lugar para os 3 benfiquistas e os restantes voltaram a ser emprestados a clubes de segunda linha. Outros já andam nas órbitas de clubes estrangeiros. Sou a favor de emprestar, se isso beneficiar o jogador e o clube. O problema é ver que muitos dos jogadores emprestados nos últimos anos rodam neste momento na 2ª e na 3ª Divisão. Quando vejo mais um sul-americano de 18 ou 19 anos a caminho de Portugal, enquanto insistem em emprestar os jovens que saem da formação para nunca mais olhar para eles, sinto uma desilusão profunda. Se os jogadores que saem da formação não têm valor para a equipa principal, temos dois problemas: ou o campeonato de juniores é muito fraco e é preciso melhorar o nível da competição; ou as escolas de formação portuguesas são de fraco nível e os clubes devem investir nelas para assegurar o futuro da equipa sénior e o futuro económico. As academias devem formar jogadores que possam vir a representar o clube no futuro ou que possam representar um encaixe financeiro valioso na sua saída. Contudo, em Portugal formam-se jogadores para emprestar ao Pampilhosa ou ao Olivais e Moscavide e que irão terminar a carreira como capitães do Sabóia nas distritais. Os jovens que representam as selecções nacionais nos escalões juvenis não recebem qualquer apoio e acabam por se perder. Dos convocados para os sub-15 ou sub-17, a grande maioria nunca irá representar um clube da Primeira Liga e isso entristece-me. Se têm valor para ir à selecção, não têm valor para a Primeira Liga? Temos uma formação assim tão má em Portugal? Como querem que a selecção nacional AA apresente uma equipa para lutar pelas competições internacionais se os portugueses que têm cultura de selecção jogam no Alcabideche? Alguém deve ser responsável por essas convocatórias e pela falta de acompanhamento na carreira dos jovens.

Não acredito que os internacionais sub-20 franceses ou argentinos sejam melhores que os portugueses. Aliás, os pupilos de Ilídio Vale vieram provar isso mesmo.

Algo está mal, e ninguém parece importado. Se Gaitán era melhor que Nélson Oliveira aos 20 anos? Não era, mas o clube que o formou não tinha medo de o meter em campo e lucrou quase 10 milhões. O futebol português afunda-se com os negócios de gente que só pensa em dinheiro e pouco se preocupa com o futuro do futebol nacional. Já dizia Cédric Soares na chegada a Portugal, "espero que este Mundial sirva de «abreolhos»"... A solução para uma melhor selecção nacional AA ou uma Primeira Liga de nível mundial passa pela aposta nos escalões de formação. Fica o conselho.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sporting: Obrigatório vencer


O Sporting recebe o Nordsjaelland com um objectivo bem definido: é preciso ganhar. Depois do empate a zero na primeira mão, apenas a vitória interessa aos leões.

Domingos Paciência iniciou a pré-época com bons resultados e um trio ofensivo com a pontaria afinada. Hélder Postiga e os reforços Van Wolsfinkel e Diego Rubio assinaram 15 golos na pré-época, deixando boas indicações. Contudo, o arranque oficial da temporada trouxe uma nova realidade ao ataque verde e branco, apenas um golo em três jogos. A chegada tardia de Diego Capel e Jeffrén, que parecem ter um lugar especial no onze, também pode ter prejudicado o entendimento entre titulares porém, isso não chega para desculpa. Hoje, frente aos dinamarqueses, a falta de golos que assola Alvalade terá de desaparecer com risco de hipotecarem a campanha europeia antes mesmo de a iniciarem.

O ex-treinador do Sp. Braga já provou que consegue obter bons resultados mesmo com escassos recursos ou plantéis completamente novos. Contudo, a pressão de treinar um grande é elevada e agora só as vitórias podem levar o Sporting a atingir os objectivos desta época. É inevitável fazer as pazes com as redes da baliza a fim de evitar a saída precoce das competições europeis.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Benfica carimba entrada na Liga Milionária

Em vantagem na eliminatória, com o empate 2-2 na Holanda, o Benfica recebeu o Twente no Estádio da Luz com um objectivo bem claro: passar a eliminatória para entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Repetindo o mesmo onze que jogou na Holanda, o resultado desta vez foi bem diferente. Os encarnados entraram fortes com Aimar e Gaitán a pautar o ataque num novo sistema táctico que Jorge Jesus está a tentar implementar com a chegada de Witsel, uma espécie de 4-3-3. Desde cedo se percebeu que a mentalidade "Jesus" estava de volta, aquela mentalidade que fez do Benfica campeão em 2009/2010 com várias goleadas e uma equipa bastante ofensiva.

O jogo teve um sentido único, Benfica a atacar e Mihaylov a brilhar na baliza forasteira. Primeira parte de sonho para o guarda-redes búlgaro. Nolito e Witsel são, sem dúvida, dois reforços de grande qualidade para o plantel encarnado. O primeiro não marcou, hoje, mas esteve em bom nível até ser substituído. O segundo inaugurou o marcador com um pontapé acrobático no início da segunda parte e fez o terceiro já no último quarto de hora, foi a estreia do belga a marcar. Domínio completo do Benfica, como seria de esperar, e um Twente muito defensivo num jogo em que apenas a vitória interessava. Os holandeses conseguiram aguentar a muralha defensiva e a inspiração do seu guarda-redes durante 47 minutos mas acusaram o golo sofrido e possibilitaram uma maior eficácia às águias. Luisão aumentou a vantagem aos 59', na sequência de um canto e Witsel bisou num bom entendimento de contra-ataque dos encarnados. A presença na Champions estava garantida.
Na equipa do Twente destacam-se o guarda-redes Mihaylov e o avançado Bryan Ruiz, que até já esteve nas contas do Benfica. Fantástica primeira parte do búlgaro com defesas de grande classe e a mostrar uma grande segurança. Já o costa-riquenho foi o mais esforçado na formação de Co Adriaanse, bom jogador, lutador, vem atrás recuperar bolas e aparece no local certo para finalizar as jogadas. Já tinha marcado de cabeça na Holanda e voltou a fazê-lo em Portugal. Merece mais que a liga holandesa.
Apenas uma palavra para Artur Moraes, parece um guarda-redes melhor que aquele que vimos segurar a baliza do Sporting de Braga na época passada. A manter este nível será difícil que Eduardo e Mika sonhem com a titularidade.
Nos últimos dez minutos assistimos a um Benfica mais defensivo, a tentar controlar o resultado. Para não variar, sofreram um golo mas poderiam ter sido mais. A realizar a melhor exibição da época, Jesus voltou a ser infeliz nas alterações e o Benfica voltou a sofrer, desde Janeiro que a baliza encarnada é assaltada com grande frequência, contam-se pelos dedos de uma mão os jogos em que o Benfica não sofreu golos. Não consigo atribuir a culpa a ninguém em especial, toda a equipa quebra quando se aproxima o final do jogo. Numa altura em que o mais importante seria manter a posse de bola e a concentração, as águias tremeram e acabaram por, inevitavelmente, ir buscar a bola ao fundo da sua baliza.

No final ficam boas indicações. O Benfica realizou uma grande exibição e justificou a presença junto das melhores equipas da Europa. Agora, venha de lá esse sorteio. Os milhões da entrada na Champions já estão a caminho da Luz, o resto são questões de honra e de honorários extra.

La Remontada - Vitória Sport Club


Há algum tempo que acompanho o website do Vitória de Guimarães, bem como as suas iniciativas junto dos sócios e adeptos. É sem dúvida um dos clubes portugueses que melhor trabalha ao nível da comunicação e do marketing, ou pelo menos consegue fazer passar essa mensagem na perfeição.

O mais recente trabalho da equipa do VitoriaTV é uma promo para o jogo de amanhã frente aos espanhóis do Atlético de Madrid, em eliminatória de acesso à Liga Europa. A ligação entre a cidade de Guimarães, a "cidade berço", o Estádio que partilha o nome do "Conquistador" D. Afonso Henriques, a batalha frente aos espanhóis (e sua mãe Teresa de Leão) que ditou o início da nação portuguesa. Muito bom. Agora falta repetir-se a história para D. Afonso Henriques voltar a vencer os espanhóis e colocar o Vitória de Guimarães na Liga Europa.

domingo, 21 de agosto de 2011

Portugal perde a final do Mundial de sub-20 mas sai de cabeça erguida


Sempre ouvi dizer que as finais são para ser vencidas... Ou perdidas com honra. Os 21 convocados pelo seleccionador Ilídio Vale caíram de pé perante o Brasil. 120 minutos de bom futebol que deixam um sabor agri-doce na boca. Estes jovens provaram que têm (muito) valor mas, infelizmente, para eles não haverá uma segunda vez.

O jogo começou mal. Portugal não tinha sofrido qualquer golo nos seis jogos já disputados mas tinha pela frente o ataque mais concretizador da prova. Uma selecção canarinha muito forte a atacar e de pontaria afinada. Logo aos 5' Mika vê a bola entrar na sua baliza, ficando pregado ao relvado. Um livre de muito longe, apontado por Oscar (fantástico pé direito a bater as bolas paradas!), desvia na cabeça de Sérgio Oliveira e inaugura o marcador. Contudo, com a tal coragem que Ilídio Vale referia, os nossos heróis colombianos foram para a frente e Nélson Oliveira entra na área e assiste Alex para o empate, decorria o minuto 9. O Brasil voltou à carga mas sem sucesso. O ritmo abrandou e chegamos ao intervalo com boas jogadas e 1-1 no marcador. A segunda parte trouxe um Brasil diferente, com duas alterações no onze e uma linha de três defesas, com maior pendor ofensivo. Portugal manteve a sua formação e a sua concentração que  tinham assegurado a presença na final. No ataque apenas Nélson Oliveira a lutar no meio dos defesas brasileiros. Muita luta do avançado do Benfica, enorme capacidade de recepção e controlo de bola, fantástica força física e óptima velocidade aliada a uma boa técnica. "Sozinho contra todos" dizia o comentador da RTP, e foi sozinho que partiu pela ala direita sem oposição, entrou na área e, quase sem ângulo, fez a única coisa que lhe era possível: rematou contra o guarda-redes. O resto foi obra do destino, um frango de todo o tamanho e a vantagem para Portugal. Entretanto já Cedric tinha saído lesionado e Pelé ocupava o lugar de defesa direito adaptado. Ney Santos voltou a mexer na equipa e fez entrar o foguete endiabrado Dudu. Aproveitando as fragilidades de Pelé na sua nova posição, Dudu conseguiu rodar na área e atirar para a pequena área onde Mika aliviou contra Oscar que fez o 2-2. Novamente Portugal em busca do golo e por pouco não conseguia. Chegado o prolongamento e oportunidade clara com Caetano a fugir à defensiva canarinha e a tentar o chapéu que ficou curto. Já na segunda parte do prolongamento chegou ao fim o sonho português. Oscar cruza na direita e a bola foge para a baliza, surpreendendo Mika e fechando o resultado em 3-2. O jogo terminou com as duas equipas lançadas em ataques desorganizados e perigosos, porém, os remates teimaram em chocar no corpo dos defesas ou na luva dos guarda-redes.

Esta selecção é acima de tudo um grupo coeso e unido com muito sentido táctico e muita maturidade. Sem uma estrela destacada, apesar de Nélson Oliveira ser o jogador com maiores qualidades técnicas e individuais que pode fazer (e fez) a diferença sozinho, mas com um grupo "corajoso", disputaram esta final de igual para igual com o favorito Brasil. Grande Mundial em que todos os jogadores cumpriram, nenhum ficou mal na fotografia de grupo. Destaque para o número 7, claramente o maior candidato a próximo avançado da selecção A. Nélson Oliveira fez uma final soberba, lutando sozinho no meio da defesa do Brasil, assistindo e marcando, cavando faltas importantes. Também Danilo esteve muito bem, muito sólido, muito maduro, bom tempo de entrada à bola, boa visão de jogo, calmo e sereno como se pede a um trinco. Sérgio Oliveira sempre incansável, saiu de rastos, tremenda entrega ao jogo. Nuno Reis é um grande capitão, muito tranquilo em campo, sempre a corrigir os colegas, muito forte a roubar bolas e no um-para-um. É curioso ver que três dos titulares da final (Danilo, Mário Rui e Saná) saíram do Benfica a custo zero, com um futuro brilhante à sua frente.

Depois dos "magriços" de Eusébio e companhia, temos agora os "corajosos" de Nélson Oliveira e amigos. Um grupo desacreditado e discreto que esteve perto de deixar o seu nome na história do futebol mundial e criar uma nova "geração de ouro". Deram tudo o que tinham, miúdos que nunca jogaram no principal escalão do futebol português. Hoje perderam, mas caíram de pé. Não trouxeram a taça mas proporcionaram bons momentos de futebol e de patriotismo. Pena a comunicação social só ter reparado em vós na meia-final. Foi uma longa caminhada que não devia terminar assim. Parabéns "corajosos"!

sábado, 20 de agosto de 2011

Dupla latina resolve nulo no Emirates

Meireles e Suarez

O Liverpool leva de vencido o primeiro dos muitos clássicos da Liga Inglesa.
À segunda jornada o sorteio ditou um embate entre Gunners e  Reds no Emirates Stadium, em Londres. A tarefa de Arséne Wenger não era fácil. Um empate na primeira jornada no campo do Newcastle não era o melhor prenúncio para o embate com o Liverpool. Para além disso não poderia contar com Gervinho, expulso no jogo anterior, e com os muitos lesionados no plantel. Equipa desfalcada, algumas adaptações de última hora e muitos jovens para o primeiro grande desafio da época.
Do outro lado o escocês Kenny Dalglish decidiu deixar alguns jogadores importantes no banco, opções que se viriam a tornar fulcrais. O Liverpool tentou explorar a sua nova ala esquerda, feita no recente mercado, e até esteve mais perto de marcar ainda na primeira parte. É uma equipa com mais opções que na época passada porém, os jogadores ainda precisam de criar uma rotina de jogo mais eficaz. Algum trabalho ainda pela frente mas o grupo tem bastante qualidade.
Numa partida viva e mexida, como é hábito por terras de sua majestade, o Liverpool foi sempre mais perigoso e só não chegou ao intervalo a vencer porque o polaco Szczesny se mostrou em boa forma. Uma mão cheia de grandes defesas sossegaram a equipa da casa. No entanto, com Koscielny a sair lesionado ainda na primeira parte e com a expulsão de Frimpong, as coisas complicaram-se para a equipa da casa.
Confesso que sou simpatizante do Arsenal, do tempo da dupla Henry-Bergkamp que maravilhou o futebol inglês no início desta década. Nos últimos anos Wenger insiste em contratar jogadores jovens e inexperientes, muitos deles seus conterrâneos, e continua a cometer os mesmos erros temporada atrás de temporada.
A segunda parte trouxe um Arsenal mais atrevido, mais afoito, contudo, sem resultados à vista. Quando todos já pensavam que o nulo poderia aguentar até ao apito final, Dalglish faz entrar a dupla Raúl Meireles-Luis Suarez e estes tratam do resto. Três ou quatro boas combinações entre ambos e eis que surge Meireles na entrada da área a tentar assistir o uruguaio, em fora-de-jogo. Miquel corta a bola contra o corpo de Ramsey e trai o seu guarda-redes. Poucos minutos depois e o mesmo Meireles surge à entrada da pequena área a assistir Suarez que desta vez, em posição regular, fecha a contagem no 0-2.
Perfeito entendimento latino a dar a vitória ao Liverpool. Com estas opções de luxo no banco, não havia razões para os adeptos dos Reds estarem preocupados. Muito fácil. Já o Arsenal conta o segundo jogo sem vencer e acrescenta mais um central à lista de lesionados.
O Liverpool tem um grupo forte e poderá intrometer-se na luta pelo título, que lhes foge há tempo demais.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ouro para Évora

foto: Record.xl.pt

Parece ser o regresso do recordista nacional de triplo salto. Após uma prolongada ausência com várias recaídas pelo meio, Nélson Évora conquista a medalha de ouro nas Universíadas disputadas na China e alcança a 15ª melhor marca do ano.
O campeão olímpico em título avisou que só ia participar nas Universíadas para se divertir e para regressar aos poucos à competição. É caso para perguntar: Com os Campeonatos do Mundo à porta, se isto foi um "na brincadeira", como será quando for a sério?
Nélson Évora é o maior nome do atletismo português da actualidade e não parece acusar o peso da responsabilidade. Está ainda longe da sua máxima forma, aquela que lhe valeu uma medalha de ouro no Mundial de Osaka 2007 e uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Mesmo assim, estes 17,31m nas Universíadas servem de aperitivo para os Mundiais de Daegu que se avizinham.
Há muitos anos que acompanho o Nélson Évora, antes de ser conhecido de todos, antes de ser campeão olímpico e mundial. Continua a ser o mesmo Nélson tímido e humilde que eu vi a saltar no Seixal em 2005.
E aqui apetece deixar uma crítica ao nosso país. Aquele país que só vê futebol à frente, que não dá atenção aos portugueses, que só se lembra das pessoas quando ganham alguma coisa, que tem uma facilidade tremenda em esquecer as glórias do passado em prol dos fracassos do presente. O próprio Évora dedicou a prova em que conseguiu os mínimos para o Mundial de Daegu, no fim de Julho, aos que já o "queriam enterrar". São esses que lhe dão força para continuar a trabalhar, a ele e a muitos campeões mundiais espalhados por Portugal em "desportos menores". Venha de lá esse Mundial que eu vou estar sintonizado no televisor com o cachecol em cima do móvel e os olhos postos no Évora. Voltaremos a ter Ouro? Não custa tentar!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mais uma final para Portugal

in: maisfutebol.pt

Podemos não ter Figo, nem Rui Costa ou Jorge Costa, e muito longe de termos um João Pinto. Porém, temos um grupo de 21 "miúdos" lutadores e organizados que merecem os seus 15 minutinhos de fama. A selecção portuguesa de Sub-20 está a realizar um grande campeonato mundial e chegam à final, duas décadas depois da última final onde fizeram história os ex-jogadores já mencionados, a famosa "Geração de Ouro" do futebol português.
Sem grandes nomes ou estrelas de primeira linha, com uma base made in Liga Orangina e na segunda linha do desporto luso, uma coisa é certa: Portugal está a 90 minutos de conquistar mais um troféu de esperanças e voltar a escrever o nosso nome no futebol mundial. Estou entusiasmado com essa possibilidade. Seis partidas sem sofrer golos, muito sofrimento e muito suor. Estes jogadores podem não ter lugar nos "grandes" em Portugal (grande maioria passou pelos escalões jovens do Sporting, do Porto e do Benfica mas ainda nenhum conseguiu fazer parte do plantel sénior), vão trabalhando em clubes de segunda linha, de segunda liga. Estão a mostrar uma enorme coesão e um espírito colectivo muito forte. Ponham os olhos nestes miúdos!
Antes da meia-final (2-0 à França) vi com algum desconforto as declarações dos jogadores portugueses onde pareciam já se achar "os melhores", li até que se consideravam a 3ª "Geração de Ouro". Esses nomes não são escolhidos pelos jogadores, são atribuídos pelos seus feitos e não pelas suas palavras. Fiquei com um pé atrás. A França tinha jogadores com mais experiência, com muita qualidade, muitos titulares no escalão principal do seu país. Para além disso tinham uma equipa base que tinha vencida o Euro Sub-19 em 2010. Não seria um jogo fácil, e não foi. Mas a selecção portuguesa conseguiu anular os favoritos e chegar ao 2-0, sem grandes magias, sem grandes loucuras. Sofremos muito, vi Mika fazer defesas quase impossíveis. Tremi com o sufoco dos franceses. Vencemos!
Agora, venho o México, venha o Brasil, venha de lá essa Taça e a próxima "Geração de Ouro".

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

73ª Volta a Portugal

Finalmente em português! Oito anos depois um ciclista português volta a subir ao lugar mais alto do pódio da classificação geral. E vão quatro para Tavira!
Confesso que pouco vi desta Volta, até porque nasci no sul de Portugal e a organização da competição rainha do ciclismo português não me considera "português". Temos aqui algumas discordâncias que quase me fizeram não tomar atenção à mesma, mas infelizmente gosto de ver os rapazes pedalar Serra da Estrela acima e lá me agarrei ao televisor durante uns dias. Não muitos, porque com tanto corte no país assistimos a vários cortes na Volta. Começaram logo por cortar o mapa de Portugal ao meio (não me esqueço), depois cortaram nas etapas até chegarmos ao bonito número de 10 + 1 (não tem nada a ver com o "melhor jogador chinês da actualidade", foi o prólogo), e cortaram alguns kms aos dias de viagem para não cansar os ciclistas.
Talvez tenha sentido falta de alguma emoção, de ataques bem organizados, de chegadas ao alto com dezenas de cortes entre os favoritos. Sou exigente, é verdade. Achei esta Volta muito "mini". Voltamos a não conseguir atrair grandes equipas, algo já habitual, é o que temos.
Parabéns ao Ricardo Mestre e aos 9 outros portugueses que completaram o top10 (nunca vi uma Volta assim). Podemos não ter tido os melhores ciclistas do planeta por cá, mas ao menos entregamos a taça ao nosso país. O ciclismo português pode estar a crescer e é bom que Portugal repare nisso.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Portugal 5-0 Luxemburgo

O Estádio do Algarve vestiu-se de verde e vermelho para apoiar os pupilos de Paulo Bento em mais um amigável. Os bilhetes não custavam nenhum fortuna e isso permitiu uma bela moldura humana. Por diversas razões, foi uma boa escolha que não prejudicou os relvados da Primeira Liga e deu um pouquinho de vida a um dos estádios menos aproveitados do Euro 2004.
Quanto aos 17 jogadores lusos que vestiram a camisola das "quinas", aqui fica uma breve opinião do Director d'O Golo:
Rui Patrício - Tranquilo. Teve pouco trabalho, o que é bastante normal. O titular da baliza do Sporting ainda aproveitou para fazer uma defesa de grande nível e mais dois ou três apontamentos interessantes. O adversário não assustou e o jovem guardião aproveitou para dizer "presente" ao voto de confiança do seleccionador.
João Pereira - Não é o melhor defesa direito que já vestiu a camisola da selecção mas cumpriu. Raçudo, sempre de olhos na bola. Está mais inteligente a calcular o tempo de entrada à bola, veloz e atrevido a atacar. Gostei.
Pepe - Teve um jogo discreto. Fez o suficiente para impedir que os luxemburgueses fossem perigosos na primeira parte.
Bruno Alves - Pouco se viu a saltar na área adversária para causar perigo. Num jogo sem grandes exigências viu um cartão amarelo por uma entrada duríssima.
Fábio Coentrão - Actuou como defesa esquerdo mas procurou a zona central muitas vezes, mais que o habitual. Bastante entrega e a raça do costume, aqueles atributos que conquistaram os portugueses. Está um jogador mais completo, continua aventureiro e muito ofensivo. Foi frequente vê-lo no meio-campo (influências de Mourinho?) e chegou ao ponto de aparecer na área a finalizar, de cabeça!, uma jogada iniciada por ele. Começam a faltar adjectivos para classificar o caxineiro mais famoso de Portugal.
André Santos - Bom jogo do trinco sportinguista. Fez o que lhe foi pedido e esteve bem. Em risco de perder um lugar no onze verde e branco, cumpriu no onze nacional. Veremos se o jogo de ontem chega para a titularidade frente ao Olhanense.
João Moutinho - Apetece dizer que não sabe jogar mal. Nota-se que ainda está em ritmo de pré-época mas é o mesmo Moutinho que já conhecemos. Outra época de grande nível se avizinha.
Rúben Micael - O madeirense foi titular no Domingo ao lado de Moutinho e ontem repetiu a dupla. Gosto mais de vê-lo na selecção que no FC Porto, parece mais confiante e mais seguro. Esteve a bom nível e podia ter marcado.
Danny - Escorregou muito. Passou metade da primeira parte no chão mas, quando se levantava, aparecia em todo o lado. À esquerda, à direita, na zona de finalização, boas movimentações do jogador do Zenit. Faltou aderência ao relvado e pontaria no remate. É um jogador endiabrado que gosta de ter a bola nos pés.
Cristiano Ronaldo - Não foi de tomahawk mas quase. Mais um golo para CR7 e vão 8 na pré-época. Continua a não ser o mesmo jogador que vemos nos clubes por onde passa.
Hélder Postiga - Um golo de belo efeito e algumas movimentações muito boas.
Ricardo Carvalho - O patrão da defesa nacional esteve ao seu nível. A sua entrada permitiu a João Pereira um maior fulgor ofensivo, contudo, esteve bem nas dobras e nas recuperações.
Raúl Meireles - Esteve lesionado há pouco tempo e precisa de ganhar ritmo. Discreto demais.
Nani - Sempre que tocava na bola levantava as bancadas. Os adeptos vibram com os seus jogos no Man Utd e sabem que está ali um grande jogador. Sempre perigoso a assistir os seus colegas.
Hugo Almeida - Voltou aos golos pela selecção, muito forte fisicamente, rematador. Um golo fantástico a matar no peito e rematar para fora do alcance do guarda-redes luxemburguês, não se vê muitos golos assim. No seu segundo golo só teve de encostar. Estaria com medo de perder o lugar para Nuno Gomes (na selecção) ou a tentar ganhar o seu lugar (no Benfica)?
Varela - Entrou para o lugar de Danny, tentou trocar de ala com Nani para confundir os adversários mas só se confundiu a si. Não é o Varela da época passada.
Sílvio - Veio de lesão e está a precisar de ritmo de jogo. Teve uma entrada dura mal entrou em campo e tentou assistir para o 6-0, mas estava em fora-de-jogo. É um jogador que raramente falha um passe e é inteligente a jogar. Importante em campo ou no banco.
Paulo Bento - Tentou mexer na equipa para explorar outras opções. Manteve-se fiel ao 4-3-3 com apenas um ponta-de-lança quando poderia ter arriscado colocar dois avançados para marcar mais golos. Muito táctico como sempre, os golos iriam surgir, o mais importante era criar rotinas de jogo na táctica habitual. Poderia ter poupado Coentrão, que tem Supertaça, ou possibilitado o regresso de Nuno Gomes.

5-0 sabe a pouco mas os apontamentos são positivos. Bons entendimentos, boas movimentações. Os golos vão surgir na altura certa.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quanto custou Roberto?

O guarda-redes Roberto pode não ter sido dos melhores que já passou pelo Benfica mas é, de certeza, um dos mais conhecidos.
No Verão de 2010 o Benfica não chega a acordo com o guarda-redes Quim (titular da equipa campeã nacional) e este sai a custo zero em final de contracto, volta ao Sporting de Braga. Quim vai ocupar a vaga de Eduardo mas lesiona-se e vê Artur ganhar o lugar.
Para substituir o dono da baliza encarnada, o clube das águias contrata uma jovem promessa espanhola, Roberto. Vinculado ao Atlético de Madrid (com quem o Benfica garante ter um bom relacionamento...), tinha feito meia época de grande nível no Saragoça. A contratação faz-se por 8,5M€, o terceiro guarda-redes mais caro até à altura (foi ultrapassado neste defeso pelo seu compatriota e colega de equipa, De Gea, que saiu para o Man Utd por 20M€). Roberto ganhou de imediato o rótulo "GR dos 8,5M".
O espanhol caiu nas más-línguas logo na pré-época, depois de muitos falhanços imperdoáveis. A partir daí esteve sempre debaixo de pressão. Não fosse o poderio ofensivo dos pupilos de Jorge Jesus e as contas no final da época teriam sido ainda mais complicadas.
Primeiro jogo oficial da época, derrota com o FC Porto por 2-0 (Supertaça), dois golos em que o GR dos 8,5M não ficou bem na fotografia. Segundo confronto com o FC Porto e termina 5-0 para os portistas (célebre jogo no Dragão em que surge uma galinha junto à baliza de Roberto). A cada novo desafio o espanhol tremia que nem varas verdes e nunca conseguiu sossegar nem adeptos, nem colegas de equipa, nem JJ, nem Rui Costa, nem Luís Filipe Vieira.
Agora, Agosto de 2011, Roberto regressa ao Saragoça por 8,6M€. À primeira vista o Benfica recuperou o dinheiro investido e ainda lucrou cem mil euros.
Mas feitas outras contas, quanto custou o Roberto ao Benfica? Custou o dinheiro de quase dois Eduardos (GR titular da selecção portuguesa que em 2010 foi para o Génova por 4,5M€ e chega agora à Luz por empréstimo). Custou uma Supertaça Cândido de Oliveira, uma Liga Zon Sagres, uma Taça de Portugal, uma Liga dos Campeões e uma Liga Europa (o Benfica foi eliminado da Liga dos Campeões face à insegurança do espanhol e na meia-final da Liga Europa voltou a argolar). Custou duas humilhações ao Benfica frente ao seu maior rival: 5-0 no Dragão e 1-3 na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal. Contudo, foi a melhor contratação da comunicação social em 2010/2011. Com Roberto na baliza do Benfica havia sempre um frango ou dois para noticiar.
A minha calculadora diz que cem mil euros continua a ser prejuízo.

Boa sorte André

O miúdo André Villas-Boas lá foi, a caminho de Londres, escrever mais uma página de história da bola em português. Venceu a Liga Europa e saiu, pela porta por onde saem os campeões, rumo a um clube vencedor, tal como ele o é.
Quanto a mim poderia ter levado o Falcao, para tornar o campeonato português mais interessante e menos previsível. Essa ave de rapina que, sendo o melhor ponta-de-lança da actualidade, não saiu quando a cláusula de rescisão era somente de 30 milhões de euros.
Em Inglaterra já o apelidam de "The Special Two". Coincidências, talvez. Ou déjà vu.
Boa sorte André.